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Operação Gravatas

Advogado passou dados de vítima durante "tribunal do crime"

Roberto Luis de Oliveira foi apontado como "chefe" dos demais advogados e principal ponte de facção


Relatório da investigação da Polícia Civil de Tapurah diz que o advogado Roberto Luis de Oliveira, preso na semana passada na Operação Gravatas, atuava como principal interlocutor das lideranças de uma facção criminosa, que estão detidos na Penitenciária Central do Estado, em Cuiabá.

Ressalta-se que o próprio Robson comenta: 'To com eles sequestrado Dr' (sic). Portanto, não há nenhuma dúvida de que o advogado tinha ciência do auxílio que prestava à organização

Conforme o documento, Roberto Luis teria sido o responsável por montar uma equipe jurídica para auxiliar a facção. Ele também cedia sua conta bancária para movimentações de dinheiro do grupo, compartilhava boletins de ocorrência e diversos documentos confidenciais requeridos pelos faccionados.

Segundo a Polícia, a equipe jurídica em questão era composta pelos advogados Tallis de Lara Evangelista, Jéssica Daiane Maróstica e Hingritty Borges Mingotti.

"A investigação aponta que Roberto Luis de Oliveira exerce papel de liderança frente aos outros advogados, haja vista que ele é o responsável por ter maior contato com Robson Júnior ['01' da facção em Mato Grosso] e Tiago Telles [segundo encarregado da facção] e, também, por definir a melhor forma de atuação dos causídicos em prol do crime organizado", consta na investigação.


Fac-símile de trecho do relatório da Polícia:

No relatório, é exposto que Roberto se comunicava com os líderes da facção principalmente por mensagens de celular. Apesar de presos, Robson e Tiago tinham acesso ao aparelho de dentro do presídio e, assim, davam ordens ao advogado.

Em uma das ocasiões, Robson determinou que o advogado fosse até um presídio em Lucas do Rio Verde para conversar com Henrique Joaquim de Freitas, preso por envolvimento em um duplo homicídio em Tapurah.

"Na ocasião, o causídico atua no interesse da organização criminosa e não do eventual cliente Henrique, vez que o advogado recebeu a ordem de Robson para ele orientar o preso a não falar mais nada para a Polícia".


Morte de outras pessoas

Em outra conversa, é revelado que Roberto tinha ciência de que sua função poderia resultar na morte de outras pessoas, afirmou a Polícia. Isso porque em uma das conversas, Robson relata que no momento estaria ocorrendo um "tribunal do crime", e pede os antecedentes criminais dos sequestrados.

Tribunal do crime é um termo usado para se referir ao julgamento que as facções fazem com rivais e pessoas que cometeram atos contra a facção, resultando em espancamentos e assassinatos.

"Robson determina que Dr. Roberto faça uma pesquisa sobre passagem criminal de algumas pessoas e, na oportunidade, envia a foto do RG delas. Tratam-se de vítimas de um 'tribunal do crime' em andamento. Dr. Roberto, mesmo tendo consciência que as vítimas estão sequestradas e subjugadas por criminosos [...], ainda assim realiza as pesquisas no Tribunal de Justiça da Bahia", diz trecho da investigação.

"Ressalta-se que o próprio Robson comenta: 'To com eles sequestrado Dr' (sic). Portanto, não há nenhuma dúvida de que o advogado tinha ciência do auxílio que prestava à organização criminosa".



Lavagem de dinheiro

Nos autos consta que os faccionados também recorriam ao advogado para conseguirem movimentar o dinheiro proveniente do tráfico. Em algumas ocasiões, Roberto fornecia a própria conta bancária.

A investigação mostra que em ao menos duas oportunidades, foram transferidos R$ 5 mil para Roberto, de uma conta laranja em nome de G.S.A.. É determinado que o valor seja repassado para outra conta, registrada no nome de D.D.A.S.

Denota-se, portanto, que o advogado cede a sua própria conta bancária para a lavagem de dinheiro da organização criminosa

"Denota-se, portanto, que o advogado cede a sua própria conta bancária para a lavagem de dinheiro da organização criminosa. Pelo contexto, resta evidente que não se trata de honorários advocatícios, pois quando há o pagamento mensal geralmente o valor é de R$ 1.000,00 (mil reais) e, normalmente, é antecedido por uma cobrança do advogado em relação aos trabalhos prestados pelo braço jurídico. No entanto, temos aqui uma forma de tentar ocultar a origem do dinheiro ao passar pela conta do advogado", diz a Polícia.

"Robson, em nova ocasião, repassa R$ 5.000,00 (cinco mil reais) na conta do Dr. Roberto e, na sequência, o Advogado transfere a mesma quantia em uma conta indicada pela liderança [...], identificada como sendo de titularidade de D.D.A.S.. Verifica-se outro ato de lavagem de capitais por parte do Advogado".

O advogado ainda é responsável por monitorar movimentações financeiras em outra conta bancária laranja. Nesse caso, Robson cobra que Roberto investigue supostos saques e a mudança da senha da conta, realizadas sem o consentimento da facção.

Falsificação de documentos

Nas diversas mensagens trocadas, Roberto divulgou o "trabalho" de um falsificador de documentos públicos, e envia a foto de um RG (Registro Geral) à Robson, "e diz que o colaborador da Orcrim denominado como Ronaldo virou o "rei dos papel aí ò"(sic)".

"Nesta parte, demonstra-se que o advogado se utiliza e ainda faz propaganda do serviço de falsificação de documento público".

MídiaNews

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