A paraense Liliane Barbosa da Silva tinha apenas 27 anos e foi vítima do primeiro feminicídio registrado em 2022 no estado. Ela foi morta pelo ex-companheiro na frente do filho de sete anos, na madrugada do dia 5 de janeiro, em Colíder, no norte de Mato Grosso. Liliane havia solicitado medida protetiva contra o autor do crime, de 23 anos. No mĂȘs anterior, ele chegou a ser preso por descumprir a determinação judicial de se manter afastado da vítima.
Perfil das vítimas
Do total de 101 mulheres mortas no ano passado, a maioria estava em plena idade produtiva e 62% delas tinham entre 18 e 39 anos. Em relação às vítimas de feminicídio (cometidos por razão de gĂȘnero ou violĂȘncia doméstica), 44% delas foram mortas pelos companheiros ou namorados, 28% tinham ensino fundamental ou médio e 56% eram pardas.
Do total dos crimes, 52% ocorreram no ambiente doméstico, ou seja, nas residĂȘncias das vítimas; outros 22% foram em vias públicas. O principal meio empregado foi a arma de fogo, em 45%, e em 31% dos homicídios foram usadas armas brancas (faca, canivete, facão).
A delegada Mariell Antonini Dias, titular da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de VĂĄrzea Grande, destaca que o estudo ajuda a compreender melhor o fenômeno da violĂȘncia doméstica, deixando claro o risco a que as mulheres estão submetidas quando vivem em situação de violação de direitos em casa e não procuram ajuda da Polícia.
"Muitas mulheres pensam que o agressor não terĂĄ coragem de tirar a vida delas e que as ameaças são vazias. Mas as estatísticas demonstram o contrĂĄrio, pois mais da metade das mortes de mulheres ocorre em casa por pessoas que possuem vínculo com elas. É necessĂĄrio que todas entendam que a violĂȘncia pode ser progressiva e cada vez mais letal. E, por isso, devem buscar auxílio para o problema que estĂĄ dentro de casa, tornando visível para o Estado um fato que apenas quem estĂĄ na relação tem conhecimento", observa a delegada.
Os familiares também são importantes nesse processo de rompimento do ciclo da violĂȘncia e tem o dever moral de auxiliar a vítima, buscando o aparato estatal.
"O aplicativo SOS Mulher MT é uma tecnologia muito avançada em prol da mulher, possibilitando que ela acione a Segurança Pública onde quer que esteja, com o simples clicar de um botão. Temos também a Patrulha Maria da Penha em muitas cidades, com acompanhamento da efetividade das medidas protetivas pela Polícia Militar", pontua Mariell.