A expectativa do movimento é que, por meio do afeto, as pessoas se engajem na luta das urgências climáticas. “Acreditamos muito que, por meio do afeto e dessa urgência na necessidade de garantir um futuro possível para nossos próprios filhos e para os que a gente ama, possamos iniciar esse movimento de fazer a diferença e começar a exercitar mais nosso papel de cidadão, pressionando, exigindo e descobrindo as ferramentas que temos para fazer a mudança”, disse Clara.
“A ideia é que as pessoas entrem em contato com os projetos e que se sintam motivadas a sair daqui dando continuidade a essa proposta de engajamento. Queremos criar fagulhas de mudança e de conscientização”, falou ela. “Quando a pessoa se conecta e se toca sobre essa necessidade, ela não só poderá mudar coisas em sua própria vida, mas na maneira como ela encara seu dia a dia, em como ela vota e em como ela pode ser um catalisador de mudança nos ambientes em que ela está inserida, seja no seu bairro, na escola do seu filho, no seu prédio, na sua família”, acrescentou.
Além da coleta de assinaturas, o coletivo ainda promoveu um plogging, ou o chamado cata-caca, em que os voluntários passaram a coletar os lixos espalhados pela Avenida Paulista. “A ideia é que as pessoas tragam suas luvas e sacolas e que a gente possa recolher lixo reciclável e plástico e depois dar uma destinação adequada a eles”, falou ela.
A professora de inglês Ana Paula Dutra, de 29 anos, foi uma das pessoas que parou em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, hoje pela manhã, para assinar as petições. “Assinei porque achei interessante o projeto de ter uma área destinada para a preservação da Amazônia. Sempre tento participar quando vejo uma questão que considero relevante”, disse ela à reportagem. Para ela, as escolas brasileiras deveriam também intensificar o trabalho de conscientizar as novas gerações sobre as urgências climáticas. “Acho que, nas escolas, não fazemos o papel que deveria ser feito”, falou.
A doutoranda Fernanda Resende, de 37 anos, também aproveitou um passeio com seus pais pela Avenida Paulista para assinar as petições.
“O meu tema [de doutorado] é justamente sobre a sustentabilidade. Entendo quais questões estão envolvidas e sei da importância de se destinar florestas públicas para os povos originários, que são nossos indígenas, para os quilombolas, que já estão há muitas gerações nessas áreas e para os ribeirinhos. Isso é defender o futuro”, disse ela.
“As pessoas que estão cometendo crimes se aproveitam da ausência de legislações para invadir terras. Sei o quanto essa população [indígena, quilombola e ribeirinha] está sofrendo e é justo que eles tenham o seu direito efetivado”, acrescentou.
Para Fernanda, leis como essa que prevê a destinação de florestas públicas para proteção desses povos ajudam também moradores de outras partes do país. “Isso é cuidar do futuro, inclusive de quem mora em São Paulo, porque quanto mais desmatamento na Amazônia ou na Mata Atlântica e outros biomas brasileiros, pior fica a situação: mais forte são as chuvas e aí fica ruim para todo mundo. Precisamos de uma política, com alcance nacional, que pense em clima”, falou.