O diretor executivo, Vicente Ferreira, disse que, os 20 anos de existência do Parque, comemorados neste ano, registram números que constituem bom exemplo de política pública. O parque custou, em termos de investimento público, R$ 30 milhões. As empresas privadas investiram na construção de seus centros de pesquisa cerca de R$ 1 bilhão. Nos anos de operação das empresas no parque, foram feitos investimentos adicionais de R$ 250 milhões em projetos de pesquisa com a universidade. “Acho que esses são números tremendamente expressivos quando a gente fala de investimento público fomentando investimento privado”, disse Ferreira em entrevista à Agência Brasil.
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Foco
No caso do Parque da UFRJ, Vicente Ferreira explicou que o foco são as deep tech (startups e ecossistemas que abraçam tecnologias complexas ou resolução de problemas de alto impacto) e não ep tech (empresa responsável por desenvolver softwares, ou programas de computador, para solucionar problemas operacionalmente complexos). “O nosso negócio não é ep. É molécula, como eu gosto de dizer, porque, na verdade, tem impacto na cadeia produtiva muito mais profundo, já que são inovações que, certamente, chegam para o bem-estar da população, com impacto muito maior e tempo de permanência também maior”. São processos de desenvolvimento muito mais arriscados e demorados.
O diretor destacou que a UFRJ tem em torno de 1.450 laboratórios nas áreas de engenharia, ciência da saúde, pesquisa básica. Acrescentou que, ainda neste ano, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), parceira da UFRJ, deverá consolidar um centro de tecnologia dentro do Parque. A ideia é que ele seja, na verdade, uma fábrica de tecnologias para fazer princípios ativos, um scale up para produção em escala industrial, com atenção especial para as chamadas doenças negligenciadas, causadas por agentes infecciosos ou parasitas e consideradas endêmicas em populações de baixa renda. São doenças negligenciadas a hanseníase, dengue, leishmaniose, esquistossomose, raiva humana transmitida por cães, escabiose (sarna), doença de Chagas, parasitoses intestinais e tracoma.
O Parque espera iniciar a implementação de mais três unidades de pesquisa ainda este ano. Uma delas será patrocinada pela Petrogal, empresa do setor de petróleo de Portugal, focada em descarbonização. O acordo já foi assinado e a expectativa é que as obras comecem no segundo semestre. Outro laboratório é patrocinado pela Shell e vai operar na área de biossintéticos. “O laboratório vai ser, de certa forma, compartilhado com o Ecossistema de Inovação da UFRJ. É algo que a gente buscava ter no Rio de Janeiro há muito tempo”.
Fertilizantes
É esperado também para 2023 o início da implementação do Centro de Excelência em Fertilizantes. “É um sonho muito antigo, principalmente dos colegas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)”. Vicente Ferreira destacou que o Plano Nacional de Fertilizantes prevê, entre outras coisas, a criação de uma rede de centros de excelência em fertilizantes e, também, um centro de excelência principal como hub (concentrador) dessa rede e que funcione como uma fábrica de startups (empresas nascentes) voltadas para a tecnologia do agronegócio.
O Brasil importa a maior parte dos fertilizantes usados na agricultura. O diretor acredita que os centros de excelência de fertilizantes trarão impacto enorme na cadeia produtiva do agronegócio. O projeto envolve os governos federal e estadual e a iniciativa privada. “A ideia é ter projetos de desenvolvimento tecnológico gerados pelos diferentes centros e que venham para o centro de excelência do Parque já com demanda da iniciativa privada para serem desenvolvidos aqui”.
Uma quinta unidade, proposta pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, é uma incubadora para empresas de impacto social e ambiental, que deverá estar implementada nas dependências do Parque até o início das aulas do segundo semestre. A UFRJ já tem duas incubadoras. Uma pertence ao Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ), para empresas de base tecnológica; outra é a Incubadora de Empreendimentos Tecnológicos (Crios), da UFRJ Macaé.
Programa
A solenidade de abertura das comemorações dos 20 Anos do Parque Tecnológico da UFRJ será realizada hoje (4). Todas as atividades do Parque 20 Anos serão realizadas na Inovateca, espaço físico e virtual para compartilhar conteúdo, conexões e experimentação localizado dentro do Parque, na Cidade Universitária. Em formato de Cubo Mágico, a Inovateca tem área construída de 2.730 metros quadrados e ambientes projetados para estimular a criatividade, a troca de conhecimento e a inovação. Todas as atividades contarão também com transmissão ao vivo pelo YouTube.
A programação vai durar o ano inteiro. Ela visa promover o debate sobre inovação e tecnologia com a sociedade e terá palestras, encontros e oficinas sobre temas como engenharia, biotecnologia, sustentabilidade, indústria 4.0, cidades inteligentes, mobilidade, produção automotiva, óleo e gás, energia verde, construção civil, games, esportes, biotecnologia em saúde, tecnologia médico-hospitalar, sociedade 5.0 e ciência no país. Haverá ainda uma mostra de tecnologias da UFRJ e exposição de arte. O programa completo pode ser acessado neste link.