Em discurso na cerimônia de posse formal da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no comando do Banco dos Brics, Lula disse que toda noite se pergunta "por que todos os países estão obrigados a fazer seu comércio lastreado no dólar".
"Por que não podemos fazer o nosso comércio lastreado na nossa moeda?", acrescentou, citando o "compromisso de inovar" do bloco.
"Nós precisamos ter uma moeda que transforme os países numa situação um pouco mais tranquila. Porque hoje um país precisa correr atrás de dólar para poder exportar, quando ele poderia exportar em sua própria moeda, e os bancos centrais certamente poderiam cuidar disso", declarou Lula.
Falando à recém-empossada presidente do Banco dos Brics, o petista disse que "não pode ter pressa".
"É necessário ter paciência. Mas por que um banco como o dos Brics não pode ter uma moeda que possa financiar a relação comercial entre Brasil e China, e entre os outros países dos Brics. É difícil, porque tem gente mal acostumada e todo mundo depende de uma única moeda", concluiu o presidente.
Lula também criticou a conduta de entidades, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), no empréstimo a países com problemas financeiros, como a Argentina atualmente.
"Nenhum governante pode trabalhar com uma faca na garganta porque está devendo. Os bancos têm que ter paciência de, se for preciso, renovar acordos e colocar a palavra tolerância em cada renovação", disse.
"Porque não cabe a um banco ficar asfixiando as economias dos países como estão fazendo agora com a Argentina, o Fundo Monetário Internacional", completou.
Ele destacou a não participação no Banco dos Brics de instituições financeiras de países fora do bloco.
"Pela primeira vez um banco de desenvolvimento de alcance global é estabelecido sem a participação de países desenvolvidos em sua fase inicial. Livre, portanto, das amarras e condicionalidades impostas pelas instituições tradicionais às economias emergentes", declarou.
Lula pediu que o banco trabalhe em prol da recuperação dos países mais afetados por questões climáticas e econômicas.
Fonte: CNN Brasil