Ao classificar como Uaps as "aparições estranhas" eventualmente flagradas voando pelos ares ou se movimentando pelos oceanos, a Nasa busca criar condições para, à luz da ciência, tentar explicar tais eventos. A maior parte, de fato, acaba tendo alguma explicação. No entanto, segundo a própria agência, entre 2% e 5% permanecem no campo de "fenômenos anômalos não identificados".
Com o objetivo de estabelecer metodologias mais adequadas para fazer levantamentos e obter dados mais apurados sobre esses fenômenos, a Nasa reuniu, nesta semana, uma equipe de estudo independente que explicou, por teleconferência, como pretende categorizar e avaliar tais eventos.
Relatório
"O foco desta reunião pública é realizar as deliberações finais, antes que a equipe de estudo independente da agência publique um relatório", informou a Nasa. Segundo a agência, o relatório será publicado em breve.O documento descreverá como avaliar e estudar os Uaps usando dados, tecnologia e ferramentas da ciência. "Não é uma revisão, ou avaliação de observações anteriores não identificadas. O relatório informará a Nasa sobre quais possíveis dados podem ser coletados no futuro para esclarecer a natureza e a origem do Uap", acrescentou.
A equipe de estudo independente de Uaps é um conselho composto por 16 cientistas de diversas áreas, especialistas em assuntos relevantes para métodos potenciais de estudo de fenômenos anômalos não identificados. Posteriormente, será criado um roteiro sobre como usar os dados e as ferramentas da ciência para avançar nossa compreensão.
"No momento, as observações limitadas de alta qualidade do Uap tornam impossível tirar conclusões científicas dos dados sobre a natureza de tais eventos", justificou a agência.
Uap é realidade
A teleconferência foi acompanhada pelo astrônomo e coordenador do projeto Exoss de pesquisas de meteoros, ligado ao Observatório Nacional, Marcelo De Cicco. Segundo De Cicco, o encontro deixa claro que a Nasa admite que o fenômeno Uap é uma realidade.
"A agência mostrou também quais são os pontos fortes e fracos desse tipo de estudo, bem como as dificuldades para a obtenção de dados de boa qualidade, com sensores adequados. Outro ponto interessante é a iniciativa de não admitir qualquer forma de assédio moral contra aqueles que estudam esse tipo de fenômeno", disse à Agência Brasil De Cicco.
Outra questão que chamou a atenção do astrônomo brasileiro foi o fato de os representantes da Nasa terem afirmado, de forma até enfática, que a agência não tem nenhuma informação privilegiada, nem esconde qualquer prova da existência de discos voadores.
Com isso, "caem por terra as centenas de teorias conspiratórias envolvendo Nasa e extraterrestres", pois o comitê veio a público também para deixar claro que "seria difícil conter os cientistas sobre o sigilo desse tipo de informação, pois o homem da ciência, fundamentalmente, tem independência de pensamento e não costuma aceitar passivamente opiniões hierárquicas que não sejam da busca pela verdade", afirmou.