Ele ressaltou que a situação do conflito entre Israel e o Hamas é "gravíssima" e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua envolvido em busca de uma solução pacífica na região.
Segundo Vieira, Lula tem falado constantemente com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, com chefes de Estado da região, tanto do Egito quanto de Israel e também do Catar, além de outros atores importantes envolvidos no conflito no Oriente Médio."A situação desses brasileiros está, momentaneamente, agora, resolvida, mas a situação do conflito é gravíssima e o presidente Lula continua muito envolvido na solução da questão", disse o chanceler, em coletiva de imprensa.
"É sua intenção [do presidente Lula] voltar a tratar, nesse momento, da questão no Conselho de Segurança das Nações Unidas, a partir dessa semana, para que se possa encontrar uma forma de suspensão das hostilidades, cessação das hostilidades e a criação de uma pausa humanitária que possa levar alívio à população civil palestina que se encontra ainda em Gaza", acrescentou Vieira.
Repatriação
O ministro informou, "com muita satisfação", a partida do grupo de 32 pessoas que estavam em Gaza. "Eram objeto da nossa preocupação, do nosso constante trabalho, no sentido de encontrar uma saída negociada o mais rápido possível", disse, agradecendo o trabalho do corpo diplomático do Itamaraty e relembrando o empenho do governo do presidente Lula para o sucesso da missão.
"É uma região em guerra, as circunstâncias são complexas e difíceis. Havia acordos na região que estabeleciam que primeiro, diariamente, antes da abertura da passagem para civis, que haveria necessidade de sair ambulâncias com os feridos. Nos dias que não foi possível saírem as ambulâncias, não houve travessia de ninguém no ponto de partida [Portal de Rafah]", disse Vieira, destacando que o grupo de brasileiros saiu no oitavo ou décimo dia de passagem de civis, "dentro do que foi negociado com os lados envolvidos".
"Contamos, tanto do lado de Israel como do lado do Egito, com boa vontade, tentando solucionara a questão, como aconteceu no dia de hoje. Se não aconteceu antes não foi só com o Brasil foi com todos outros países. Havia uma lista de países e de nacionais desses países que estavam prontos, esperando para partida, alguns países tinham 500, 600 nacionais, nossa lista é bem menor. Na medida em que foram recebidas, entraram numa ordem de prioridade que foi seguida e atendida", acrescentou.
Operação
Os brasileiros e seus familiares cruzaram a fronteira com o Egito [https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2023-11/brasileiros-cruzam-fronteira-de-gaza-com-o-egito], pelo Portal de Rafah, no início da manhã de hoje, com destino ao Cairo, de onde parte o voo para o Brasil. Duas pessoas do grupo que constavam da lista original desistiram da repatriação e decidiram permanecer em Gaza, por questões pessoais.
O Itamaraty informou que continuará prestando apoio aos brasileiros na região. Segundo Mauro Vieira, outros casos que surjam, de brasileiros querendo deixar a região, serão tratados a partir de agora.
A previsão é que a aeronave com o grupo deixe a capital egípcia às 11h50 (horário local) e pouse em Brasília às 23h30 (horário local). Antes disso, haverá três paradas técnicas: em Roma, na Itália; em Las Palmas, na Espanha; e na Base Aérea do Recife, já no Brasil.
Segundo Mauro Vieira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou interesse em recepcionar os cidadãos, mas não confirmou se, de fato, isso acontecerá.
Este será o décimo voo da Operação Voltando em Paz, do governo federal, que cumpre mais uma missão de repatriação em áreas de conflito no Oriente Médio. A aeronave VC-2, cedida pela Presidência da República, está há quase um mês no Egito, para o resgate dos repatriados oriundos da Faixa de Gaza. Os outros voos partiram de Tel Aviv, em Israel, e um de Amã, na Jordânia, com brasileiros que estavam no território palestino da Cisjordânia.
Com os dez voos, a Operação Voltando em Paz terá transportado um total de 1.477 passageiros, além de 53 animais domésticos.
No dia 7 de outubro, o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, lançou um ataque surpresa de mísseis contra Israel e a incursão de combatentes armados por terra, matando civis e militares e fazendo centenas de reféns israelenses e estrangeiros. Em resposta, Israel bombardeou várias infraestruturas do Hamas, em Gaza, e impôs cerco total ao território, com o corte do abastecimento de água, combustível e energia elétrica.
Os ataques já deixaram milhares de mortos, feridos e desabrigados nos dois territórios. A guerra entre Israel e Hamas tem origem na disputa por territórios que já foram ocupados por diversos povos, como hebreus e filisteus, dos quais descendem israelenses e palestinos.