"No Brasil, nós estamos levando muito a sério essa questão da energia renovável. E vocês já sabem que nossa energia elétrica é quase 90%, totalmente, renovável. O potencial do Brasil e das energias é muito grande, e nós queremos construir parceria com vocês e que sejam sócios do Brasil no desenvolvimento dessa nova matriz que o mundo precisa, que o mundo sonha e que nós podemos oferecer", disse, no encerramento do fórum empresarial organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e pelo governo saudita.
Assim como a Arábia Saudita é um dos países mais importantes na produção de petróleo e gás no mundo, Lula acredita que o Brasil pode ser um centro na produção de energias alternativas e, daqui a 10 anos, poderá ser chamado de "a Arábia Saudita da energia verde". "É para isso que nós estamos trabalhando", disse, reafirmando ainda o compromisso do Brasil em alcançar o desmatamento zero até 2030."Nós precisamos, todos, trabalhar com muita responsabilidade para descarbonizar o planeta, para que a gente possa viver de forma mais digna, com melhor qualidade de vida e sem medo de que nós estamos destruindo a casa onde moramos", disse, alertando para ao afeitos das mudanças climáticas.
Lula defendeu que o Brasil possui uma boa base intelectual e científica-tecnológica, empresas de ponta, além de um sistema financeiro sólido, e chamou os empresários sauditas a construírem parcerias com as empresas brasileiras. "Para que as empresas brasileiras gerem desenvolvimento no Brasil, mas gerem o desenvolvimento também na Arábia Saudita. Que a gente gera emprego no Brasil, mas que gere emprego na Arábia Saudita. E que a gente possa vender ao mundo as coisas com melhor qualidade para que o mundo possa sobreviver", disse, citando ainda parcerias nas áreas industrial e do agronegócio.
Como exemplo, Lula também citou a possibilidade de investimentos em fertilizantes, para "dar uma garantia ao mundo com a incerteza criada pela guerra da Rússia na Ucrânia". A Rússia é um grande fornecedor de insumos, mas sofre um forte embargo econômico por causa de invasão militar na Ucrânia, o que impactou o comércio global desses produtos.
"Nós estamos falando de crescimento econômico e desenvolvimento quando parte do mundo fala em guerra", disse Lula, defendendo ainda o diálogo para a resolução dos atuais conflitos pelo mundo. "A guerra, ela não traz nada a não ser miséria e morte", ressaltou.
Brics e COP 30
Ainda, Lula cumprimentou os sauditas pela entrada do país no Brics - bloco composto por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul. A partir de janeiro de 2024, Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã integrarão o grupo.
Na oportunidade, o presidente cobrou aportes do país do Oriente Médio no Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), para financiamento de mais países. "A Arábia Saudita precisa ajudar a fortalecer o banco do Brics para que a gente possa mudar a faceta com os bancos multilaterais, para que eles possam financiar o desenvolvimento dos países mais pobres, sem taxas de juros escorchantes que termina por matar qualquer possibilidade de investimento dos países", disse.
Em 2025, o Brasil presidirá o Brics e também sediará a COP 30, em Belém, no Pará. O presidente convidou o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, que tem a função de chefe de Estado, a atuar junto ao Brasil nesses eventos e a visitar o país na ocasião da COP 30.
Lula e Salman se reuniram ontem (28) em Riad. Os dois líderes estimam que as transações comerciais entre os dois países podem saltar dos atuais US$ 8 bilhões para US$ 20 bilhões até 2030.
"A partir dessa reunião outras dezenas de reuniões vão acontecer, porque o compromisso meu e o compromisso da Sua Alteza, o príncipe herdeiro, é de que nós vamos cobrar de vocês a execução de uma política mais ousada, de uma política mais corajosa, porque o mundo está precisando de bons exemplos. E o Brasil e a Arábia Saudita podem ser esse exemplo de dinamismo", disse Lula aos empresários.
Ainda hoje, o presidente participa de outro evento em Riad, de promoção de produtos da empresa brasileira Embraer. Na sequência, segue para Doha, no Catar, onde também aproveitará o contato com lideranças políticas e empresariais para aprofundar e diversificar a relação bilateral.
Além disso, o presidente deve tratar da guerra entre Israel e o grupo político-militar palestino Hamas, que controla da Faixa de Gaza. O Catar é um interlocutor junto ao Hamas para negociações em relação ao conflito.
As agendas no Catar ocorrem nesta quinta-feira (30). No mesmo dia, na sequência da visita ao Oriente Médio, a comitiva presidencial desembarca em Dubai, nos Emirados Árabes, para participar da COP 28.