Joilson James Queiroz, acusado pelo assassinato de três pescadores, na fazenda do ex-bicheiro João Arcanjo, em Várzea Grande, em 2004, foi condenado a 46 anos de prisão, em regime fechado. A decisão foi publicada na sessão do Tribunal Popular do Júri da Comarca de Várzea Grande, nesta quarta-feira (7).
A defesa do acusado informou que está analisando a decisão para interpor recurso.
Conforme decisão, Joilson responderá pelas mortes de Pedro Francisco da Silva, José Ferreira de Almeida e Areli Manoel de Oliveira, com os qualificadores de motivo fútil, do meio cruel, do recurso que dificultou a defesa da vítima e do crime praticado para assegurar a impunidade de outro delito.
"Dessa forma, atendendo às graves circunstâncias dos crimes e observando o disposto na parte final do dispositivo citado, é suficiente para a reprovação dos fatos, o que aumento a pena em dobro, assim, torno definitiva a reprimenda em 46 (quarenta e seis) anos de reclusão", diz trecho da decisão.
Além de Joilson, um outro envolvido, o ex-pistoleiro Édio Gomes Junior, também foi condenado em novembro de 2022, pelas mortes e ocultação de cadáveres. Ele ficou foragido por 17 anos.
O crime aconteceu em março de 2004, na Fazenda São João, localizada às margens da BR-163, próxima ao Trevo do Lagarto, em Várzea Grande. No mesmo ano, o Ministério Público ofereceu denúncia à Justiça.
Durante as investigações, foram identificados oito envolvidos no crime, todos funcionários da propriedade do ex-bicheiro João Arcanjo. Os suspeitos foram indiciados por homicídio qualificado -- cometido por motivo fútil, uso de meio cruel e sem chance de defesa --, ocultação de cadáver e formação de quadrilha.
As vítimas, Pedro Francisco da Silva, José Pereira de Almeida, Itamar Batista Barcelos e Areli Manoel de Oliveira, foram mortas pelos funcionários da fazenda. Segundo a polícia, uma das vítimas foi morta a tiros e as outras três, amarradas e torturadas, antes de serem mortas por afogamento.
As versões constam na reprodução da chacina, realizada pela Polícia Civil em maio de 2004 a pedido do Ministério Público, da qual participaram dois dos investigados. Eles confirmaram que as vítimas foram amarradas e jogadas no lago em que pescavam e que demoraram pelo menos 20 minutos para morrer.
Depois de mortas, as vítimas tiveram os corpos jogados em uma área à margem da estrada na localidade de Capão das Antas, em diferentes pontos, a fim de dificultar as investigações.
O inquérito conduzido pela equipe do delegado Wylton Massao Ohara, à época, apurou que as quatro vítimas foram à fazenda para pescar para consumo de suas famílias em um dos tanques de peixe da propriedade, na manhã do dia 20 de março, quando foram surpreendidos pelos seguranças da fazenda e mortos.
Ainda de acordo com a polícia, como os quatro não retornaram para casa no dia seguinte, as famílias procuraram a polícia e as buscas começaram. Ainda no domingo, a Polícia Militar localizou as quatro bicicletas próximas à cerca da fazenda.
Conforme depoimentos prestados à DHPP durante as investigações, um dos funcionários confirmou que ele e outros dois seguranças da fazenda encontraram os quatro rapazes pescando no tanque de piscicultura e atiraram contra as vítimas. Uma delas correu para o mato para se esconder, mas foi morta com um disparo no abdômen, feito por um dos seguranças.
A polícia informou que as outras três vítimas foram rendidas e, então, o segurança, que foi preso em Sergipe, teria ligado para o gerente da fazenda dizendo que "três capivaras estavam presas e uma estava morta e que aguardavam a faca para arrancar o couro das que estavam vivas".
Já foram condenados Aderval José dos Santos, Noreci Ferreira Gomes e Valdinei Luiz Ademias da Silva. Alderi de Souza Ferreira está foragido.
O denunciado por ocultação de cadáver, Carlos Sérgio André, que dirigiu o veículo que levou os corpos até o local onde foram deixados e segurou um lanterna no momento dos crimes, foi absolvido a pedido do Ministério Público.
Fonte: Portal G1