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Nobres

Gruta paradisíaca interditada há 20 anos por degradação ambiental é alvo de visitações proibidas em MT

Moradores, turistas e até jogador de futebol já visitou o local. Guias clandestinos chegam a cobrar R$ 250, por pessoa.


A Gruta da Lagoa Azul, em Nobres, a 151 km de Cuiabá, interditada desde 2002 devido à degradação da área, tem sido palco de visitações e ensaios fotográficos. Segundo o Ministério Público do Estado (MPE-MT), existem inúmeras denúncias de que guias de turismo clandestinos promovem passeios irregulares no local, sem informar os turistas sobre a proibição. O valor da visita chega a custar R$ 250, por pessoa.

Uma fotógrafa que não quis ter a identidade divulgada, contou que realizou uma sessão de fotos na área paradisíaca sem saber das restrições. Segundo ela, todo o passeio foi preparado por um susposto profissional da área de turismo.

"Não tivemos muito contato com a organização, só fomos para fotografar mesmo e ficamos sabendo dessa situação governamental depois que estávamos lá [na gruta]. Não tem sinalização nenhuma em relação a isso, somente trilha", explicou.

No ano passado, o atacante do Cuiabá Esporte Clube, Deyverson, e a esposa dele, também visistaram a gruta. À época, o jogador compartilhou fotos do passeio romântico nas redes sociais. Procurado por meio da assessoria de imprensa, o casal não se manifestou até esta publicação.



A gruta é formada por rochas e uma lagoa de água cristalina. Segundo pesquisadores, a lagoa surgiu quando o lençol subterrâneo de água aflorou no local. A cor azul predominante na água envolve uma série de elementos, entre eles carbonato de cálcio e magnésio.

A área foi fechada por determinação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Desde então, o processo passou a ser de responsabilidade da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema).

Em nota, a Secretaria disse que a Gruta da Lagoa Azul possui alertas e placas avisando da interdição e risco, é monitorada e mantém uma gerência que realiza as orientações. O processo para desinterdição é uma das metas do governo do estado e, segundo a Pasta, está em fase de regularização fundiária.

Gruta da Lagoa Azul, em Nobres (MT) — Foto: Divugulgação

Estratégias para burlar a lei

Conforme relatos de pessoas que visitaram o local, não há placas informando sobre a interdição. A presidente do Conselho de Turismo de Nobres, Marcy dos Reis, disse que a instituição cobra do estado que conceda a administração da área à iniciativa privada ou ao Poder Público Municipal para evitar maiores danos, já que, segundo ela, os guias clandestinos arrancam as placas que informam sobre a restrição.

De acordo com o Ministério Público, o acompanhamento das denúncias é complicado devido à extensão territorial da região e das estratégias usadas pelas pessoas para burlar a lei.



"São diversas trilhas, os guias são clandestinos e usam dias e horários estratégicos. Inclusive, no ano passado, a Sema chegou a interceptar turistas, e o guia saiu correndo. Estamos acompanhando o procedimento administrativo para tentar regularizar a Gruta o mais rápido possível", ressaltou.

Nas redes sociais, quando pesquisado a localização da gruta, é possível ver diversas fotos recentes de pessoas passeando no local.

Print da localização da gruta nas redes sociais — Foto: Reprodução

O que diz a lei

A Lei 9605/98, relacionada a crimes ambientais, diz que a pessoa que "causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação" está sujeita a prisão de um a cinco anos.

O MP informou que as denúncias recebidas na Promotoria são encaminhadas, imediatamente, para a Delegacia de Polícia para instaurar investigação criminal e responsabilizar os envolvidos.

"Para que os responsáveis sejam punidos, é necessário apuração da autoria e, principalmente, o dolo de causar dano. Por isso, também a dificuldade em punir turistas, por exemplo, uma vez que na maioria das vezes alegam que não possuem o conhecimento da interdição", diz.

Gruta da Lagoa Azul, em Nobres (MT) — Foto: Divulgação

Riscos de acidentes

A Secretaria de Meio Ambiente alerta que qualquer pessoa que esteja entrando no local está infringindo as regras do órgão ambiental e assumindo os riscos de acidentes, pois o local é de difícil acesso e não possui estrutura para o receptivo de turistas.

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