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Em abordagem por som alto, PM agride mulher com socos e tapas em MT

Vídeo mostra momento em que a servidora pública Kellyanne Gonçalves, de 38 anos, é agredida por uma policial durante a abordagem da PM em Tangará da Serra

Por Redação Play MT em 04/04/2024 às 15:23:07

Durante abordagem policial, após denúncia de som alto na vizinhança, Kellyanne Gonçalves, de 38 anos, foi agredida por uma militar, na madrugada desta quinta-feira (4) em Tangará da Serra, a 220 km de Cuiabá.

O momento da agressão foi filmado pela amiga da vítima, Layse Duarte, de 41 anos.

Agressão durante abordagem

Após a denúncia recebida, uma equipe da Polícia Militar entrou na casa onde as vítimas estavam, por volta das 3h da madrugada.

Nesse momento, Kellyanne – que atua como servidora pública e motorista de aplicativo – se recusa a ser presa, afirmando que não iria ser conduzida. Diante disso, os policiais entram na casa e, nesse momento, uma policial vai em direção a servidora e começa a agressão, com socos e tapas na cabeça.



Kellyane ficou com hematomas no rosto e nos braços.

"Minhas amigas estavam filmando e eles perceberam isso… Aí, a policial já chegou e já veio me batendo, dando tapas e tapas na minha cara […] Nossa, foi muito humilhante", contou a servidora ao Primeira Página.

A denúncia foi feita por vizinhos e, ao chegarem no local, os policiais teriam percebido o som alto e seis mulheres ingerindo bebidas alcoólicas. Três crianças também estavam no local, conforme o boletim de ocorrência.


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Kellyane e Layse – que é uma mulher trans – foram presas e tiveram os celulares apreendidos. Ambas foram conduzidas à delegacia, por desacato à autoridade, sem lesões corporaisou seja, no documento da ocorrência não consta a agressão contra a servidora pública.

Os policiais envolvidos alegaram que foram recebidos com "palavras de baixo calão" e ofensas, configurando o desacato.

mulher sendo agredida por policiais militares em Tangará da Serra

Situação na delegacia

O Primeira Página conversou com as mulheres na manhã desta quarta-feira. Segundo Kellyane, ambas foram conduzidas à delegacia com as algemas muito apertadas, causando machucados nos pulsos.

Além disso, Layse afirma que, após terem sido presas, policiais tentaram exigir que ela desbloqueasse o celular e apagasse os vídeos que havia feito, mas ela se recusou.

Ambas afirmaram também que foram impedidas de ligar para um advogado de defesa enquanto aguardavam detidas.

Elas foram ouvidas pela Polícia Civil e liberadas na manhã de hoje. Kellyane passou por exame de corpo e delito, para registrar a agressão sofrida.

Zilma Aparecida Gonçalves, advogada de defesa de Kellyane e Layse, explicou à reportagem que ambas negaram a versão de que teriam dito palavras de baixo calão aos policiais militares.

"A gente tem que analisar bem os fatos para depois tirar uma conclusão. Eu vou analisar o que a gente tem de documento que foi filmado, ouvir as testemunhas que estavam lá para chegar a uma conclusão", afirmou a advogada.

O que diz a PM

O major Márcio Pereira, comandante adjunto do 19° Batalhão da PM, explicou que o órgão já teve conhecimento dos vídeos que mostram a agressão durante a abordagem.

Ainda segundo ele, a equipe que foi ao local pediu para que os proprietários da casa abaixassem o volume do som, mas que eles teriam desobedecido.

Depois, os policias teriam percebido que os integrantes da casa estariam cometendo infrações de trânsito, já que havia veículos estacionados na calçada da residência e que estariam com licenciamento atrasado.

O major ainda reconheceu que a atitude dos policiais pode configurar-se em abuso de autoridade, mas que, devido à quantidade de pessoas envolvidas na ocorrência, o uso de força teria sido necessário.

"Assim, e diante das palavras de baixo calão e possível desacato e resistência à prisão, a Polícia Militar fez necessário o uso moderado de força", afirmou o major em entrevista.

Um procedimento administrativo deve ser instaurado para investigar os fatos.

Fonte: PM MT

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