"Outra questão que vem sendo colocada é que, como parte da tributação será estipulada por estados e municípios, não é possível garantir que será alcançada a alíquota cheia. Mas, tendo os estados e municípios um teto estabelecido para cobrança, sabemos que dificilmente eles vão definir impostos muito abaixo do limite máximo permitido", questiona Bentes. De acordo com a composição do IVA cheio de 26,5%, a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), parte que vai para o Governo Federal, será de 8,8% - hoje, o imposto federal recolhido pelo setor funerário é de 3,65%. Já Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) que responderá por 17,7% do IVA é definido por estados e municípios – hoje, o setor recolhe 5% para municípios.
"Atualmente o segmento gera uma receita anual de R$ 10 bilhões, o que significa uma arrecadação tributária de R$ 865 milhões para o Estado. Com o aumento da alíquota, essa arrecadação poderá ser três vezes maior, passando para até R$ 2,6 bi", aponta o presidente.
Os novos custos do luto
De acordo com cálculos disponibilizados pelo Sincep/Acembra (tabela abaixo), um serviço funerário que hoje custa em média R$ 3 mil, recolhe R$ 259,50 em impostos para o Estado. Pelo novo texto da regulamentação, esses impostos passariam a somar R$ 795,00. "O impacto também irá afetar os jazigos e os planos funerários, que são acessíveis e, portanto, recebem grande adesão das classes C, D e E, podendo levar a uma evasão dos planos e trazer consequências para o planejamento financeiro dessas famílias", alerta Bentes. Um levantamento realizado pelas entidades representativas aponta que, hoje, 85% dos serviços prestados nos cemitérios são para clientes de planos funerários e apenas 15% contratam os serviços de forma particular, pagando os valores cheios.
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Serão muitos os impactos se não houver mudança no enquadramento do setor funerário na regulamentação da Reforma Tributária: "Os novos custos dos serviços também poderão empurrar os brasileiros, sobretudo das classes C, D e E, para os cemitérios públicos, que já enfrentam a falta de espaço e dificuldades na manutenção, além de encarecer o subsídio integral que as prefeituras são obrigadas a fornecer para a população em situação de vulnerabilidade social. O setor privado tem exercido cada vez mais um papel crucial junto aos poderes públicos municipais, o que torna a oferta dos nossos serviços ainda mais relevantes do ponto de vista quantitativo e qualitativo em todo o Brasil", conclui o presidente das instituições que representam o setor.