O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta quarta-feira (7) o afastamento imediato do prefeito de Tapurah (MT), Carlos Alberto Capeletti, por ter atuado para incentivar a viagem de caminhões para BrasĂlia "com a inequĂvoca intenção de subverter a ordem democrĂĄtica".
O afastamento serĂĄ de 60 dias, perĂodo em que a cidade deve ser comandada pelo vice-prefeito. O g1 não consegui, até a Ășltima atualização desta reportagem, contato com Capeletti.
"O recrudescimento dos atos de hostilidade, radicalismo e violĂȘncia propriamente dita, contra pessoas e o patrimônio pĂșblico e privado, para além da jĂĄ condenĂĄvel violĂȘncia em ambiente virtual, inclusive com a mensagem de insurgĂȘncia contra as instituições democrĂĄticas, em especial contra a autoridade dessa Corte, decorrente da mobilização por redes sociais feita de forma não espontânea e concertada por grupos polĂticos e econômicos determinados", diz o despacho.
Moraes disse ainda que "o potencial danoso das manifestações ilĂcitas fica absolutamente potencializado considerada a condição financeira dos empresĂĄrios apontados como envolvidos nos fatos, eis que possuem vultosas quantias de dinheiro, enquanto pessoas naturais, e comandam empresas de grande porte, que contam com milhares de empregados, sujeitos às polĂticas de trabalho por elas implementadas".
"Esse cenĂĄrio, portanto, exige uma reação absolutamente proporcional do Estado, no sentido de garantir a preservação dos direitos e garantias fundamentais e afastar a possĂvel influĂȘncia econômica na propagação de ideais e ações antidemocrĂĄticas", prossegue o ministro.
O STF foi acionado pelo procurador-Geral de Justiça de Mato Grosso, que apontou o desenvolvimento das ações antidemocrĂĄticas estimuladas pelo prefeito da cidade.
Moraes concordou com a gravidade crescente dos fatos informados e considerou que ficou configurado no caso "o abuso reiterado do direito de reunião, direcionado, ilĂcita e criminosamente, para propagar o descumprimento e desrespeito ao resultado do pleito eleitoral para presidente".
Na decisão, o ministro citou que o prefeito cobrou uma ação do Exército, ameaçando tomar o Congresso e o Supremo.
"Se até o dia 15 de novembro o Exército não tomar alguma atitude em prol da nação brasileira e da nossa liberdade, nós vamos tomar atitude. Tenho certeza que, aos milhões lĂĄ, alguém vai ter uma ideia. Vamos tomar o Congresso, o STF (Supremo Tribunal Federal), até o Planalto. Se até lĂĄ o Exército não tomar uma atitude, vamos nós fazer uma nova Proclamação da RepĂșblica", dizia a mensagem do polĂtico, em tom golpista e inconstitucional.
Moraes disse que "hĂĄ o incentivo de lideranças polĂticas que fomentam e encorajam o engajamento em atos de distĂșrbio social, como o praticado pelo prefeito de Tapurah, Carlos Capeletti, mediante discursos de incentivo à vinda de caminhões para BrasĂlia, com a inequĂvoca intenção de subverter a ordem democrĂĄtica".
Moraes impediu o uso de ao menos 177 veĂculos identificados pelo Ministério PĂșblico do Estado do Mato Grosso, determinou que eles sejam multados e que que as forças policiais locais investiguem e detalhem quais veĂculos foram utilizados nos atos.
Durante o segundo turno das eleições, Carlos Alberto Capeletti teve que se retratar publicamente e cancelou o sorteio de 1 carro 0km aos moradores que havia prometido, caso o municĂpio fosse o lĂder do estado em nĂșmero de votos para Bolsonaro (PL). A promessa feita aos moradores foi divulgada em vĂdeo pelas redes sociais e foi considerada propaganda irregular a favor do atual presidente.
Em Tapurah, Bolsonaro foi o candidato mais votado para a PresidĂȘncia da RepĂșblica. Ele recebeu 5.188 votos, o equivalente a 77,12% do total da cidade. JĂĄ Lula (PT) foi a escolha de 22,88% dos eleitores e recebeu 1.539 votos.