Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, foi preso na manhã desta quarta-feira (8) suspeito do envenenamento que matou quatro pessoas de sua família em Parnaíba, no litoral do Piauí. Ele também foi hospitalizado no dia 1Âș de janeiro deste ano, mas recebeu alta.
A Polícia Civil do Piauí (PCPI) vai realizar uma coletiva de imprensa às 10h desta quarta para explicar os motivos que levaram à prisão de Francisco.
Ao todo, nove pessoas da mesma família comeram um baião de dois (arroz com feijão) envenenado com terbufós, uma substância tóxica semelhante ao "chumbinho" e utilizada como inseticida. Uma criança de quatro anos continua internada no Hospital de UrgĂȘncia de Teresina (HUT).
A polícia investiga o caso como homicídio, mas ainda apura quem colocou veneno no arroz e qual foi a motivação.
Veja, abaixo, quem ingeriu o alimento:
Além deles, outros dois meninos da mesma família, de 7 e 8 anos de idade, morreram depois de comerem cajus envenenados em agosto de 2024.
Segundo a polícia, não hĂĄ relação entre os dois envenenamentos. No caso de agosto, uma vizinha que havia dado os cajus para as crianças estĂĄ presa por duplo homicídio qualificado.
A substância usada para envenenar os cajus e o arroz foi a mesma: o terbufós, segundo o Instituto de Medicina Legal (IML). Esse produto químico é altamente tóxico, usado em pesticidas e na composição do chumbinho. A venda dele é proibida no Brasil.
Ao ser consumido por humanos, o terbufós ataca o sistema nervoso central e a comunicação entre músculos. Ele causa tremores, crises convulsivas, falta de ar e cólicas. Os efeitos aparecem pouco tempo depois da exposição ao veneno e podem deixar sequelas neurológicas e causar a morte.
O baião de dois tinha sido preparado pela própria família em 31 de dezembro, dia anterior às internações. Segundo o médico Antônio Nunes, diretor do IML, o veneno foi colocado em grande quantidade na comida. "Estava em todo o arroz, em grânulos visíveis", comentou o médico.
A família também comeu um peixe que tinha sido doado na noite anterior. Inicialmente, houve uma suspeita de que ele pudesse estar estragado ou envenenado, mas a perícia afastou esta hipótese. O casal que deu o peixe à família não é considerado suspeito pela polícia.
Agora, a Polícia Civil investiga como o veneno chegou ao baião de dois. "É impossível ter ido parar lĂĄ sem intenção de alguém", comentou o delegado Abimael Silva.
No dia 31 de dezembro de 2024, noite de réveillon, a família preparou uma ceia para comemorar a virada: carne, feijão tropeiro e baião de dois. Todos comeram e ninguém passou mal.
No dia seguinte, 1Âș de janeiro, eles comeram o que tinha sobrado junto com o peixe que tinha sido doado. Poucos minutos depois, começaram a sentir os efeitos do envenenamento.
Segundo o delegado, o veneno foi colocado no arroz no dia 1° de janeiro, porque a família comeu o mesmo prato, da mesma panela, na noite de réveillon.
"No dia 31, a família fez o baião de dois e consumiu, mas ninguém passou mal. Só depois do meio dia do dia 1Âș começaram a sentir os efeitos", comentou o delegado.
Fonte: Portal G1