O deputado David Arahamiya, chefe da delegação da Ucrânia nas negociações com a Rússia por um acordo de paz, afirmou sábado (2) que as conversas estão suficientemente avançadas para permitir um encontro entre os presidentes dos dois países, Volodimir Zelenski e Vladimir Putin, respectivamente.
"A missão russa confirmou nossa tese de que o rascunho do acordo está suficientemente desenvolvido para sustentar consultas diretas entre ambos os líderes, os presidentes de Ucrânia e Rússia", escreveu o parlamentar, em postagem no Telegram.
Segundo Arahamiya, o próprio Putin afirmou nesta semana, em conversa por telefone com o presidente da Turquia, Recep Tayip Erdogan, que "está pronto para que se organize essa reunião em um futuro próximo".
"Nem a data nem o local estão fechados ainda, mas é muito provável que aconteça em Istambul ou Ancara", disse o deputado, que integra o partido Servo do Povo, o mesmo de Zelenski.
O chefe negociador ucraniano indicou que a tarefa da delegação, neste momento, é "finalizar os assuntos abordados e nos preparar para essa possível reunião". Segundo Arahamiya, nas conversas realizadas até agora, a Rússia aceita, faltando colocar por escrito, "quase todas" as condições da Ucrânia sobre integridade e soberania territorial, com exceção às sobre a Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
O deputado também indicou que o processo de negociação segue avançando a cada dia e que as delegações se reúnem virtualmente diariamente ou a cada dois dias. Sobre as garantias de segurança, que a Ucrânia exige para se manter neutra, Arahamiya indicou que é muito importante que mais países da Otan se unam ao mecanismo de garantia que está sendo buscado, depois que Alemanha, Itália e Turquia expressaram a intenção de assumir esse papel.
"Será muito importante para nós ter entre esses garantidores os Estados Unidos e o Reino Unido", indicou.
Arahamiya ainda insistiu que a Ucrânia não assinará nenhum acordo que garanta direito de veto sobre os países que integrarem esse mecanismo de garantias de segurança. "Isso é categoricamente inaceitável para nós. Não há necessidade de discutir nenhuma garantia de segurança, em absoluto, porque a Rùssia poderá bloqueá-las a qualquer momento", afirmou.
O negociador ucraniano indicou que há conversações para que a China passe a fazer parte desse mecanismo de garantias internacionais, com contatos feitos duas vezes por dia. No entanto, Arahamiya admitiu que "o estado dessas negociações é, provavelmente, o menos avançado em comparação com outros países".