O autor do roubo seguido de morte de um idoso, ocorrido no ano passado, em CuiabĂĄ, foi condenado a 20 anos de reclusão e pagamento de dez dias-multa. O julgamento foi realizado no mĂȘs de março, pela 5a Vara Criminal da Comarca da Capital.
O crime vitimou José Benício dos Santos, de 80 anos, encontrado morto, dentro de sua residĂȘncia, no bairro CPA 4, na noite do dia 06 de setembro. Ele estava com um corte profundo no pescoço e foi localizado por uma filha.
A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de CuiabĂĄ investigou o crime, inicialmente registrada como homicídio e o autor do crime foi preso em outubro passado.
Apuração
Conforme a investigação, conduzida pelo delegado Caio Fernando Albuquerque, no dia do crime, por volta das 16 horas, uma pessoa estranha foi vista no portão da casa de José Benício. Às 18 horas, a mesma pessoa foi vista saindo da residĂȘncia da vítima com uma sacola nas mãos.
Naquela data, o idoso havia recebido um valor em dinheiro, que não foi encontrado na residĂȘncia, assim como outros pertences, inclusive um celular. Na residĂȘncia, os policiais da DHPP apreenderam uma faca e uma toalha com vestígios de sangue humano.
O inquérito foi instaurado para apuração do crime de homicídio qualificado agravado pelo fato da vítima ser idosa. Contudo, no decorrer da investigação e com os elementos colhidos, os indícios apurados apontaram para um roubo seguido de morte (latrocínio).
As diligĂȘncias realizadas na sequĂȘncia após a anĂĄlise no local do crime levaram a equipe da DHPP à região conhecida como Zero KM, em VĂĄrzea Grande, onde o investigado esteve após cometer o latrocínio em CuiabĂĄ. Ele procurou uma profissional do sexo para e após acertar o valor, a levou a um motel, onde também fez uso de entorpecentes. Em seguida, tentou enforcĂĄ-la para se livrar do pagamento do programa, que tentava efetivar com um cartão de crédito da vítima. Após a vítima gritar por socorro, o homem saiu do motel.
A equipe de investigação da DHPP apurou ainda que antes de ir ao motel, o investigado foi até um bar da região, onde encontrou com a garota de programa, e no local ele jogou em uma lixeira, uma sacola onde estavam documentos pessoais do idoso e roupas sujas de sangue.
A partir dessas informações foi possível chegar à identificação do investigado, que foi reconhecido por outras pessoas que trabalham na região do Zero Km.
Criminoso conhecia a vítima
A casa onde ocorreu o crime é cercada por portões e muros altos e o fato da residĂȘncia não apresentar nenhum arrombamento na data do crime evidenciaram aos policiais de que o idoso pudesse conhecer o autor do latrocínio, que não teve dificuldade de entrar no local.
Outras diligĂȘncias no decorrer da investigação apontaram que, aproximadamente um mĂȘs antes do crime, José Benício, que morava hĂĄ quarenta anos no mesmo endereço e era querido na vizinhança, havia contratado uma pequena obra em sua residĂȘncia. O investigado foi o auxiliar da obra e após a conclusão do serviço, o rapaz pediu um valor ao idoso alegando que precisava comprar leite para a filha. Depois disso, o rapaz foi chamado para trabalhar em uma empresa do filho da vítima, demonstrou interesse na oferta, mas não manifestou posteriormente vontade no trabalho.
Testemunhas ouvidas no decorrer da investigação reconheceram o investigado como a pessoa vista caminhando na rua da casa da vítima e depois saindo do local com uma sacola nas mãos. Depois, ele pegou um mototĂĄxi e se dirigiu à região do Zero Km, em VĂĄrzea Grande, foi a um bar, consumiu bebida alcoólica e depois contratou um programa. Em todas as situações, ele foi reconhecido por testemunhas e pela vítima da tentativa de homicídio, a garota de programa.
No dia 12 de setembro, o autor do crime se apresentou na DHPP, acompanhado de advogado, e preferiu ficar em silĂȘncio quando foi interrogado sobre os fatos que culminaram no crime.
"Quando interrogado, momento em que poderia esclarecer possível motivação de homicídio, preferiu permanecer em silĂȘncio, o que só reforça a materialidade para o latrocínio. E todos os elementos colhidos no inquérito são contundentes em apontar o investigado como o autor do crime", explicou o delegado Caio Fernando Albuquerque ao representar ela prisão preventiva à Justiça.