O conflito tem impactado o comércio global, com as sanções impostas à Rússia pelos Estados Unidos, Japão e países europeus. Além disso, Rússia e Ucrânia são grandes produtores agrícolas e a guerra está causando aumento nos preços dos alimentos em todo o mundo. A Europa também está sendo fortemente impactada pela falta do fornecimento de gás natural da Rússia.
Nesta segunda-feira, Mauro Vieira reiterou a posição brasileiro contrária à aplicação de sanções unilaterais. “Tais medidas, além de não contarem com a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, tem impacto negativo a todo o mundo, em especial aos países em desenvolvimento, muitos dos quais ainda não se recuperaram plenamente da pandemia”, disse.
Para o Brasil, a Rússia é o principal fornecedor de fertilizantes, insumo essencial para o agronegócio brasileiro. No ano passado, o presidente russo, Vladimir Putin, garantiu o fornecimento ininterrupto de fertilizantes para o país. Hoje, os chanceleres conversaram sobre medidas para garantir o fluxo desse insumo.
Além do expressivo relacionamento comercial, que atingiu o recorde de US$ 9,8 bilhões em 2022, Brasil e Rússia mantém laços históricos de amizade e cooperação. As relações diplomáticas entre os dois países completam 195 anos em 2023.
Para Lavrov, a cooperação entre Brasil e Rússia é baseada em princípios de igualdade e respeito e não depende de mudanças na conjuntura mundial.
Segundo Mauro Vieira, com os resultados de 2022, a Rússia tornou-se o décimo terceiro maior parceiro comercial do Brasil. “Estamos de acordo em trabalhar para profundar e diversificar nosso intercâmbio comercial e investimentos, o que nos permitirá ultrapassar a meta de US$ 10 bilhões no comércio bilateral”, disse.
Entre os temas tratados pelos chanceleres estão a expectativa de ampliar o número de frigoríficos brasileiros habilitados a exportar produtos de origem animal para Rússia, além de iniciativas de cooperação em ciência e tecnologia, meio ambiente e energia.
“Coincidimos quanto à necessidade de estimular maiores contatos entre pesquisadores e empreendedores do setor tecnológico. Brasil e Rússia são líderes em inovação e há margem para incrementar a cooperação entre nossas startups”, explicou Vieira.
Na questão ambiental, o ministro lembrou que Brasil e Rússia abrigam as duas maiores extensões florestais do mundo e as afinidades de visões sobre desenvolvimento sustentável podem refletir-se em maior coordenação nas instâncias internacionais e nos acordos ambientais multilaterais.
Por fim, na questão energética, há a perspectiva de desenvolvimento de cooperação visando aproveitar a complementaridade das indústrias de energia dos dois países.