Trata-se de uma agência de notícias que tem por meta levar informação sobre grupos marginalizados ao mundo inteiro. A nova tarefa acontece enquanto ele também chega na reta final da produção do segundo volume da biografia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em entrevista à Agência Brasil, Fernando Morais considera a nova missão como um "desafio gigantesco" em uma agência de quase 60 anos de existência. "Uma agência que tem uma capilaridade no mundo inteiro e que nasceu na época do auge da Guerra Fria, no momento em que surgia também o movimento de países não alinhados, nações que mantinham uma distância dos Estados Unidos e União Soviética".A IPS tem sede em Roma e deve ser transferida para Madri. Segundo o jornalista Carlos Tibúrcio, diretor da IPS Latino-Americana e assessor especial da Presidência, com Fernando Morais a agência terá sede também em São Paulo, a partir de abril de 2024.
Fernando Morais relembrou que a relação dele com a agência era antiga, como cliente. "Em algum dos veículos em que eu trabalhei, se utilizava material da IPS. É uma tarefa de tamanho gigante. Mas estou muito animado e disposto".
Morais destaca que a agência tem uma característica híbrida porque traz conteúdos de diferentes gêneros, incluindo materiais sobre problemas de países, principalmente pobres, da região do Sul Global.
Ele entende que a IPS considera uma das suas principais prioridades a relação com reportagens, ensaios e reflexões sobre a defesa do meio ambiente. "Na agência, é possível encontrar uma preocupação com a defesa do meio ambiente".
Morais disse que a IPS tem um compromisso já histórico com temas aprofundados sem perder o olhar sobre os fatos cotidianos. "[É necessário] até para atrair mais leitores, criar vínculo diário ou semanal com os seus leitores e, ao mesmo tempo, com os clientes da IPS, que são veículos espalhados por todo o planeta".
Fernando Morais avalia que a onda de desinformação pela qual o mundo passa no século 21 sempre existiu. Para ele, no entanto, a disseminação de mentiras pela internet tornou a prática devastadora. "Se houver condições materiais para multiplicar mentiras para milhões de leitoras, de espectadores, de internautas, transforma-se a mentira na verdade".
Morais lembra que as eleições dos Estados Unidos que elegeram Donald Trump presidente entre 2017-2021, fizeram com que ele ficasse escandalizado. "A disseminação das mentiras era infinitamente maior do que a do desmentido. Então, eu vi coisas horrorosas, acusações de que Hillary Clinton [a adversária nas eleições] era acusada de crimes não cometidos". Da mesma forma, ele considera que tenha ocorrido o mesmo no Brasil.
O jornalista ressalta que a internet possibilita uma comunicação personalizada. O lado ruim, segundo ele, é que a desinfomação pode dar um tiro certeiro com as mesmas ferramentas. "A mentira pode chegar exatamente onde se está querendo. Entendo que uma agência que tenha a respeitabilidade e a credibilidade que tem a Interpress pode dar uma grande contribuição na guerra contra a desinformação e contra a manipulação da informação".
Fernando Morais tem carreira premiada na imprensa brasileira, incluindo três vezes o Esso. Em 2001, recebeu o prêmio Jabuti pelo livro Corações sujos. Suas obras já chegaram a 38 países. Entre os trabalhos, A Ilha, Olga, Chatô: o Rei do Brasil e Lula, volume 1. O volume 2 sai em março, segundo o escritor.
Nesta semana, o presidente Lula cumprimentou o escritor pelo novo cargo. "Fico muito feliz em ver agora o meu amigo e biógrafo dirigindo uma agência internacional dessa relevância", afirmou o presidente.