Dezenas de mulheres, homens e crianças se reuniram na manhã de hoje no espaço Nossa Arena, na região da Barra Funda, zona oeste de São Paulo. A torcida está fazendo a festa desde cedo, com bateria e muito barulho. A torcida decidiu cantar o hino nacional, acompanhando a entrada da Seleção Brasileira no Mundial.
Mas, por causa do horário do jogo, a tradicional cerveja e o churrasco foram trocados por um café da manhã. "Estou comendo pão de queijo", brincou a criadora de conteúdo Ana Paula Christe, 34 anos."Queria ver essa estreia do Brasil em um ambiente em que eu pudesse sentir o calor da torcida, de ter mais gente com o mesmo propósito. Assistir em casa é legal, mas assistir no meio da galera é muito melhor", disse ela, à Agência Brasil.
Ana Paula está tentando acompanhar todos os jogos dessa Copa do Mundo. "Comecei, pouco antes da Copa, a trocar o meu horário. Estou vivendo esse mês exclusivamente para a Copa. Então, estou passando as noites acordada assistindo todos os jogos. E está tendo muita surpresa. Acho que essa Copa mostra como o futebol [feminino] está evoluindo no mundo todo. Os Estados Unidos ganhando de apenas 3 a 0 [do Vietnã] é mostrar como a gente [mulheres] está tendo evolução e isso é bom", afirmou ela.
A torcedora está confiante no Brasil para essa Copa do Mundo. "Eu espero uma final. Acho que mostramos, nos últimos jogos de preparação, que temos condições de bater de frente com todas as seleções", salientou Ana Paula. "Estão deixando a gente sonhar. Acredito muito em uma final", acrescentou ela, que aposta em um placar de 3 a 0 para o Brasil hoje.
A jovem Isadora Daiane, de 14 anos, jogadora de futebol, também decidiu acordar cedo para ver o jogo da seleção. "Estou esperando gol", disse ela, que é fã da jogadora Marta.
Mas diferente de Ana Paula, ela não acredita que a seleção tenha condições de ganhar essa Copa. "Acho que não tem não. Vai ser difícil", analisou.
A Nossa Arena é uma arena poliesportiva exclusiva para meninas, mulheres e pessoas trans que amam o esporte. O objetivo é elevar a participação das mulheres nos esportes do país. O destaque é o futebol, mas a Nossa Arena também inclui outras modalidades como vôlei de praia, beach tênis e futevôlei.
"A Nossa Arena é um espaço seguro, inclusivo, acolhedor para a prática esportiva exclusiva de mulheres, meninas e pessoas trans", explicou Júlia Vergueiro, fundadora da Nossa Arena.
Para essa Copa do Mundo, realizada na Austrália e Nova Zelândia, a Nossa Arena preparou uma programação especial. Além de transmitir todos os jogos do Brasil, haverá lançamento de livros sobre o futebol feminino e torneios de futebol. Hoje, logo após o jogo da Seleção Brasileira contra o Panamá, por exemplo, acontecerá o evento Joga, Garota, que deve reunir 200 meninas de projetos sociais de São Paulo. O objetivo é empoderar essas meninas ao protagonismo, inclusão e permanência em atividades físicas e esportivas.
"Esse já é um espaço ocupado por mulheres, então não tem espaço melhor para a gente celebrar o futebol delas. Tem dias em que as meninas vão se juntar para celebrar os jogos. Depois do jogo temos algumas programações. Hoje, por exemplo, temos o Joga Garota, que vai reunir 200 meninas de projetos sociais para fazer uma clínica, para conversar, para bater um papo, para jogar", explicou Júlia.
Para a fundadora do Nossa Arena, o futebol feminino está vivendo atualmente um "momento único e especial, em que as meninas mais jovens estão tendo oportunidade de sonhar, de praticar e a oportunidade de entender que elas também são protagonistas desse jogo".
"Saímos de um domínio muito exclusivo dos homens para hoje ser algo que as mulheres conseguem almejar e fazer parte", acrescentou Júlia.
Quem quiser acompanhar o jogo da seleção no Nossa Arena, está convidado. A transmissão dos jogos aqui é gratuita. Basta fazer um cadastro, entrando no Instagram @nossaarenasp.
A Seleção Brasileira, treinada por Pia Sundhage, faz sua estreia na Copa do Mundo enfrentando o Panamá, e o seu primeiro título na competição. O primeiro tempo da partida terminou com o placar de 2 a 0 para a Seleção Brasileira.