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Agro na Cidade Grande

Mais verde, menos calor: como arborização pode tornar Cuiabá mais fresca

Especialista destaca que soluções 'verdes' são a chave para garantir conforto térmico


Neste ano, a média de temperatura em Cuiabá foi de 35°C, segundo a Agência Climatempo. No ano passado, os termômetros marcaram 33°C, de maneira geral. Para uma cidade que sempre regista altas temperaturas, acima dos 30°C, soluções verdes podem ser a chave para trazer mais frescor.

Mas, a professora da pós-graduação em ecologia e conservação da biodiversidade da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), Catia Nunes da Cunha, avalia que a capital ainda carece de projetos para enfrentar as altas temperaturas.

"Cuiabá não tem o controle sobre o número de árvores plantadas, de árvores que os moradores cortam, de árvores que morreram com a seca e não teve reposição. Então, na verdade, todo esse aparato, em respeito a manter árvores na urbanização, isso é muito carente em Cuiabá".



Redução da temperatura

A especialista destaca que a união de soluções verdes, como o plantio de árvores, e construções sustentáveis, utilizando coberturas e tijolos permeáveis, são a chave para garantir conforto térmico. E o melhor: essa estratégia está ao alcance de todos, tornando-se uma alternativa viável e acessível para combater o calor e promover o bem-estar.

"Uma coisa importante em cidades e em Cuiabá nós destruímos tudo, são os córregos que atravessam a cidade, nós tampamos todos. Esses córregos também servem para amenizar o calor, trazer umidade. Outra coisa que a gente sente falta são de jardins. Não é uma árvore isolada, mas um conjunto de paisagem, arquitetada para melhorar a condição de calor. Então, nós precisamos que os nossos paisagistas, tenham outra visão, de um sistema de jardinagem que traga condições de melhoria da condição térmica para a cidade".



Porém, disse que somente nas regiões Centro Norte e Centro Sul estão plantadas 1.846 árvores, conforme o projeto de plantio de laboratório.

"A cidade inteira possui um espaço urbano de 7% desarborizado, onde estão previstas as ações no PDAU (Plano Diretor de Arborização Urbana), replicando o que foi feito no Centro Norte e Centro Sul", disse a prefeitura em nota.

No que se refere aos planos de adaptação para mudanças climáticas, a Prefeitura informou que com os estudos feitos pelo plano de arborização, será possível executar o plantio de árvores onde houver maior incidência de ilha de calor.

"Cuiabá, segundo a recomendação da ONU no que diz respeito à arborização, está dentro dos padrões, precisando apenas recuperar as ilhas de calor", informou o executivo em nota.

Era bom, mas mudou

A professora Catia lembra que as moradias e até as roupas que as pessoas usavam em Cuiabá eram adaptadas, mas isso mudou ao longo do tempo.

"Cuiabá já deveria ter se adaptado há muitos anos. A cuiabania antiga era adaptada, as construções eram largas, casas feitas de adobe, para evitar o calor em excesso. Os quintais não eram cimentados, existiam árvores. Tudo isso era um estilo de vida para uma região de alta temperatura. Tanto é que se vê fotos antigas, até as roupas das pessoas eram de linho, usavam um guarda-sol, chapéu".

Com a modernização e industrialização dos materiais, as técnicas antigas e sustentáveis foram sendo substituídas. "A gente tentou copiar, o que se fazia nos grandes centros, internacionais, só que isso daí não se adequa à nossa região", diz a especialista.

Mas, o bioarquiteto João Lucas Carvalho Neves ressalta que as técnicas sustentáveis, como as construções feitas de adobe e pau a pique, continuam disponíveis e acessíveis.

"O que a gente busca é fazer o resgate dessas técnicas, mostrando a inteligência delas, na aplicação de construção de casas, comércio, indústrias, e também, do desenho urbano para que a gente consiga então ter o desenho de uma casa e de uma cidade mais sustentável. E aí, sim, conseguir esse conforto térmico que a gente tanto precisa para Cuiabá".

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