A Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT) deflagrou, nesta quinta-feira (5), a Operação 'Tolerância Zero ao Crime Organizado' em todas as 41 unidades prisionais do estado. O objetivo é apreender itens proibidos, como drogas, celulares e carregadores que têm entrado com frequência nas unidades.
O balanço das apreensões realizadas ainda não foi divulgado. A operação faz parte das medidas adotadas pelo Governo de Mato Grosso a partir da implantação do programa Tolerância Zero ao Crime Organizado, lançado no dia 25 de novembro.
Segundo a Sesp, desde a implantação do programa, as ações de fiscalização para impedir a entrada e circulação de materiais não autorizados nos presídios foram reforçadas.
Apreensões em Cuiabá
Na última quinta-feira (28), equipes da Polícia Penal apreenderam 86 aparelhos celulares na Penitenciária Central do Estado (PCE), localizada no Bairro Pascoal Ramos, em Cuiabá.
Segundo a polícia, somente em uma das celas, foram encontrados 32 celulares, o que levantou suspeita de que o local era utilizado como uma espécie de assistência técnica para a unidade.
Outros seis aparelhos foram encontrados na cela de um preso considerado de alta periculosidade. Além dos celulares, foram apreendidos também 130 chips, 50 porções de maconha, 20 de cocaína, fones de ouvido e carcaças de aparelhos.
Mato Grosso na rota do crime
A violência associada às facções criminosas em Mato Grosso vem deixando rastros de brutalidade e medo em várias regiões do estado. Em Cáceres, a 220 km de Cuiabá, a adolescente Gabriela da Silva Pereira, de 16 anos, foi tortura e morta após fazer uma live criticando a qualidade da droga vendida por uma facção.
Na época, dois suspeitos, de 20 e 24 anos, foram presos e autuados por tortura, organização criminosa e homicídio qualificado. Segundo a Polícia Civil, a crítica feita pela vítima nas redes sociais foi interpretada como propaganda para um grupo rival, o que motivou o crime.
Outro caso bárbaro ocorreu em Porto Esperidião, a 358 km de Cuiabá. As irmãs Rayane Alves Porto, de 25 anos, e Rithiele Alves Porto, de 28 anos, foram mortas após fazerem, supostamente, um gesto associado a uma facção rival durante um festival de pesca. Candidata a vereadora, Rayane administrava um circo com a irmã, e ambas foram sequestradas e torturadas em um cativeiro. Outros dois jovens também foram mantidos no local, mas um deles conseguiu escapar e denunciar o crime.
A situação alarmante de violência em Mato Grosso é confirmada pelos dados do Atlas da Violência 2024 e do Monitor da Violência. O município de Sorriso, a 420 km de Cuiabá, ocupou a 7ª posição entre as cidades mais violentas do Brasil, com uma taxa de 77 homicídios por 100 mil habitantes em 2022.
No estado, os números de 2023 mostram 919 homicídios dolosos registrados, além de 15 casos de latrocínio e dois de lesão corporal seguida de morte, totalizando 936 crimes violentos. Esses dados, compilados pelo Monitor da Violência, expõem a crescente presença de facções criminosas e a urgência de medidas enérgicas para conter o avanço do crime no estado.
Portal G1