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Governo propõe taxar com alíquota de 10% quem ganha acima de R$ 600 mil por ano e limitar deduções em saúde

Objetivo é compensar as perdas de R$ 35 bilhões com a ampliação do limite de isenção do Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF) para até R$ 5 mil, que deve começar a valer a partir de 2026.


O governo anunciou nesta quinta-feira (28) que pretende instituir uma alíquota de 10% para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, o equivalente a R$ 600 mil por ano.

Além disso, quer limitar as deduções na área de saúde no IR para quem recebe até R$ 20 mil por mês.

O objetivo é compensar as perdas de R$ 35 bilhões com a ampliação do limite de isenção do Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF) para até R$ 5 mil, que deve começar a valer a partir de 2026.

Segundo o governo, hoje, a alíquota efetiva para os 1% mais ricos é de 4,2%. Já os 0,01% mais ricos pagam 1,75% de Imposto de Renda.

As propostas foram divulgadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante anúncio do pacote de cortes de gastos, em coletiva no Palácio do Planalto.


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"Pessoas que hoje têm renda e não pagam imposto. Uma renda superior a R$ 50 mil por mês, ou R$ 600 mil por ano, vão passar a pagar o mínimo. Alugueis, salários, dividendos, juros. Vai somar o que recebeu, e vai calcular 10% desse valor em todas rubricas", afirmou Haddad.

O ministro deu o seguinte exemplo:

"Se eu [que recebo mais de R$ 50 mil por mês, ou R$ 600 mil por ano] paguei R$ 35 mil de IR. Vou ter que recolher R$ 25 mil para completar R$ 60 mil [equivalentes à alíquota de 10%]. Suponha que ela ganhe R$ 600 mil e pagou R$ 80 mil de IR, ela não é atingida pela medida. É um conceito novo de IR mínimo considerando toda renda da pessoa, e tudo o que pagou de IR naquele exercício", explicou o ministro da Fazenda.


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Limitar deduções em saúde

Além disso, segundo ele, as deduções do do IR por razão de saúde serão limitadas a até quem ganha R$ 20 mil por mês. O formato das deduções não será alterado.

De acordo com dados da Secretaria da Receita Federal, a estimativa de renúncia fiscal, ou seja, recursos que o governo deixa de arrecadar com despesas médicas é de R$ 27,83 bilhões neste ano.

Segundo avaliação da área econômica feita em 2021, apenas 0,8% dos benefícios são direcionados aos 50% mais pobres da população, enquanto 88% do benefício concentra-se na parcela (20%) correspondente às famílias de maiores rendas, e 16,4% (1%) de maior rendimento.

Taxação dos ricos

A taxação dos ricos foi a forma encontrada pelo governo para compensar a renúncia de receitas com a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda para pessoas físicas — promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"A compensação se dará pela inclusão dos mais ricos no imposto de renda, tornando a tributação no topo mais justa e melhorando a desigualdade social", disse o governo.

Caso o pacote seja aprovado pelo Congresso, as pessoas que recebem até R$ 5 mil por mês serão isentas do imposto de renda a partir de 2026. Hoje, a faixa de isenção é de até R$ 2.824.

Essa medida não vai cortar gastos. Mas foi incluída no pacote a pedido do presidente Lula, que queria compensar os cortes orçamentários com uma iniciativa que pudesse ter um caráter mais popular.

Foi o aumento da isenção do IR, principalmente, que gerou no mercado um temor de que os cortes do governo não estão tão compromissados assim com a responsabilidade fiscal. Na quarta-feira (27), o dólar fechou em R$ 5,91 --maior cotação da história.

Portal G1

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